sexta-feira, 28 de maio de 2010

jornal O Libertário Maio/Junho de 2010


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Latifundiários e extrema direita declaram guerra aos povos indígenas e camponeses pobres

Durante a abertura da famigerada EXPOAGRO, evento onde o agronegócio festeja seus lucros e articula-se politicamente para seu maior domínio no MS, políticos e ricos latifundiários esbravejaram e publicamente declararam guerra aos povos originais (indígenas) e ao campesinato pobre sulmatogrossense. Em inflamados discursos os altos representantes das classes dominantes expuseram seu projeto político de agravamento da monocultura, de concentração fundiária e exploração vampiresca do trabalho do povo.
Segundo matéria publicada na página 5 do órgão burguês “O Progresso”, datado de 17 de maio de 2010, durante a “solenidade” de início da EXPOAGRO, o agronegócio, organizado na instituição patronal ‘Sindicato Rural’, avisou que irá “convocar os produtores para retomar as marchas contra essa aventura que é a demarcação de terra escriturada”, deixando claro que voltará a impor o clima de terror que pairava pela região em 2008, quando centenas de caminhonetes e carros de luxo, trazendo os mais doirados filhos da aristocracia ruralista do estado, tomaram conta das ruas da cidade, fazendo enfrentamentos aos trabalhadores e povos indígenas, visando à demonstração de seu poderio financeiro para assustar as manifestações pela demarcação das terras indígenas e reforma agrária. Naquele ano havia sido publicadas as faladas portarias da FUNAI que estabeleciam a formação de Grupos de Trabalho Antropológicos, para a constatação de terras habitadas pelos povos originais (indígenas) e que no decorrer do tempo foram usurpadas por latifundiários. Houve um enorme alvoroço entre os grandes fazendeiros, que fizeram rebuliço em várias cidades do MS, especialmente em Dourados, dizendo aos quatros ventos que estavam armados para defender o “sagrado direito de propriedade” que detinham sobre o solo de nossa região. Tanto fizeram que continuam atravancando o avanço do processo e estendendo a situação de miséria e desmembramento à que as comunidades indígenas vêm sendo submetidas. Agora, com o aumento da pressão popular, até mesmo instâncias do Estado, como o Ministério Público Federal, estão sendo obrigadas a adotar uma postura favorável à demarcação, o que volta a atiçar as ameaças da classe latifundiária. Somam-se a isto as eleições burguesas que se aproximam e o clima de tensão sobre a população está montado.
A luta pela terra, tanto a efetuada pelos povos originais (indígenas) quanto a levada a cabo por camponeses pobres e descendentes de quilombos vêm dando belos exemplos de esperança e resistência popular. Apesar dos esbirros ruralistas o povo não para de organizar-se, efetuando ocupações e levantando acampamentos que podem ser vistos em todo o MS. Com isto a classe latifundiária, através do “Sindicato Rural” e dos políticos que lhes representam, preparam-se para combater quem quer que seja que posicione-se a favor da luta das pessoas pobres pela região. O presidente do “Sindicato Rural” declarou, também em “O Progresso”, que estão “vigilantes na defesa de nossa propriedade e não permitiremos que nossos direitos sejam violados em nome de uma causa oportunista, ilegal, imoral e contraproducente”, causa esta que é a distribuição de terras para famílias que encontram-se sem trabalho, sem moradia, que lutam por uma possibilidade de vida digna, e da demarcação de terras dos povos que originalmente habitam esta região, as etnias indígenas, que vêm, dia após dia, tendo suas terras roubadas, sua cultura dizimada e vendo-se empurrada para uma situação de miséria extrema.
Segundo o jornal burguês “Diário MS”, página 7 datado de 17 de maio de 2010, o governador do estado, latifundiário mundialmente conhecido por declarações de cunho discriminador e homofóbica, convocou todos os ricos a serem “mais nacionalistas” e unirem-se contra a luta dos trabalhadores e povos originais (indígenas) por terra. O governador, apelidado pelas organizações populares de “führer”, aprontou mais uma das suas chamando os povos indígenas de vagabundos, ao declarar que se prejudicarem o agronegócio “vamos ficar onde, numa rede? Vivendo de caça?”, demonstrando todo seu ódio e desprezo por comunidades milenares, que lutam ferrenhamente para manterem-se vivas e terem sua cultura respeitada. E todo o evento seguiu a mesma linha de afirmação fascista por parte dos ilustres senhores ricos de nossa região.
No nosso entendimento é urgente a necessidade de resposta à este enfrentamento lançado pelo agronegócio. Todo o campo popular de nossa região deve retaliar estes ataques ampliando a abrangência do debate sobre a luta dos trabalhadores e povos originais por terra no MS, construindo uma articulação mais profunda entre os movimentos sociais e tomando as ruas pra mostrar que não vamos nos amedrontar com ameaças. Os ricos querem dizer que estão ancorados na constituição que, segundo eles, lhes garante o direito sagrado à serem senhores da terra, enquanto trabalhadores e comunidades inteiras padecem na miséria, não tendo seu direito à moradia, alimentação, saúde, etc., sendo respeitados. Até quando estes esbeltos senhores acham que o povo vai aceitar passivamente engordar-lhes a pança e os bolsos? Aproveitamos para pedir que todos os militantes e organizações populares espalhados pelo país deitem seu olhar sobre nossa região, para que possamos gerar um cenário de maior repercussão, e consequentemente, segurança para as vidas das pessoas que estão na luta direta para garantir seu acesso à terra e o sustento de suas famílias, para que não aconteça com mais ninguém o triste fim através de brutais assassinatos como de Marcos Veron, os professores Verá e tantos outros que tombaram pelas mãos de jagunços e capangas de fazendeiros. Estamos ao lado de nosso povo na luta pelo fim do latifúndio e construção da autogestão popular sobre a terra.

Fora agronegócio!
Viva o Socialismo Libertário!


quinta-feira, 6 de maio de 2010

A terrível situação dos Trabalhadores Rurais na Usina São Fernando




Neste ano de 2010 o processo de implantação das usinas de cana-de-açúcar aqui no cone sul do MS vêm se consolidando e, além do impacto ambiental causado pela monocultura extensiva, firmando novas modalidades de exploração da mão de obra dos trabalhadores rurais em nossa região. Apesar de todo o discurso neo-desenvolvimentista apregoado por usineiros, latifundiários e políticos, com uma suposta grande geração de empregos, poucos tem falado sobre a terrível situação à que os operários agrícolas vêm sendo submetidos. Tomaremos a Usina São Fernando como um exemplo.
Um dos aspectos mais marcantes deste quadro é o desrespeito aos direitos trabalhistas no que tange aos adicionais salariais por insalubridade e periculosidade, que deve ser pago sempre que os trabalhadores sejam obrigados a trabalhar em condições que representem riscos à saúde. A Usina São Fernando coloca operários agrícolas para trabalhar com fertilizantes químicos e venenos poderosíssimos cotidianamente, sem ceder equipamento de segurança adequado, e sem ao menos mencionar aos funcionários sobre que quem efetuar estas tarefas tem o direito de receber os adicionais. Vários são os casos de contração e agravamento de doenças causadas pela exposição constante a estes produtos.
A CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) da empresa, que está em processo de eleição, é um jogo de cartas marcadas, pois já foi escolhido a dedo pela patronagem quem pode concorrer à vaga, cabendo aos supervisores de setor o enquadramento dos peões, impedindo-os de colocarem seu nome para apreciação dos demais companheiros e impondo as figuras que mais agradam à usina. Esta política, além de tentar manter o cenário de precariedade, visa impedir que trabalhadores engajados ocupem este espaço, adquirindo estabilidade empregatícia e possibilidades de questionar os métodos absurdos e desumanos de exploração à que os operários agrícolas estão sujeitos.
Outra questão são os malfadados descontos que aparecem todo mês nos contracheques dos trabalhadores. Mesmo trabalhando ferrenhamente todos os dias, é prática comum da usina atribuir faltas aos funcionários e o mais curioso é que para cada suposta falta são descontados dois dias de serviço no pagamento, e para quem ousa questionar o fantasma da demissão vem rondar-lhe com uma fúria inacreditável. Outro desconto é o da alimentação, a bóia fria, apelidada de “bandecão de salitre”. Grande causador de infecções e outros transtornos o “bandecão de salitre” já gerou, inclusive, revoltas por parte dos peões que rapidamente foram reprimidas com demissões e outras formas mais sutis de enquadramento.
Apesar de contar com milhares de operários, e de efetuar o desconto da contribuição sindical, não existe um sindicato estruturado e atuante para a defesa dos interesses dos trabalhadores, sendo que inclusive todos gostariam de saber pro bolso de quem está indo esta contribuição sindical. Todo debate sobre a estruturação de um sindicato é duramente reprimida e desqualificada, chegando inclusive ao ponto de supervisores de setor passarem um abaixo-assinado, obrigando os funcionários a assinar, cujo texto declara-se contra a implantação de qualquer sindicato, argumentando que com o advento de uma organização sindical os trabalhadores seriam enormemente prejudicados já que a organização causaria problemas para a empresa e, consequentemente, demissões maciças. Aos elementos mais firmes na defesa da construção de um sindicato enviam o assombro da “equipe delta”, esquadrão formado por policiais do famigerado Departamento de Operações de Fronteira/DOF, que trabalham à paisana, em carros sem nenhuma espécie de identificação, fortemente armados, e que cruzam os canaviais para conter qualquer espécie de movimentação dos trabalhadores. Esta equipe é causadora de um enorme medo entre os peões, já que estando alongados em fazendas de propriedade de membros do sinistro “Sindicato Rural”, quilômetros longe da cidade, sentem-se a mercê da patronagem e sabem que acontecendo algo a usina ainda pode argumentar que a vítima estava agindo violentamente ou algo do tipo.
Completando o quadro iniciaram, recentemente, demissões em massa dos trabalhadores indígenas, que efetuavam o trabalho de corte manual da cana. O argumento principal é que os indígenas estariam implantando artigos em fazendas para comprovarem que certas áreas seriam na verdade território ocupado por seus ancestrais que foram grilados por latifundiários. Outro fator seria o de que a FUNAI garantiria advogados trabalhistas e uma estrutura próxima à de um sindicato, o que estaria impedindo que a canalhice imposta aos peões fosse ampliada também aos trabalhadores indígenas. Isso ilustra bem o tipo de relação que a Usina São Fernando vem firmando com seus funcionários.

*Publicado na edição Março/Abril de 2010 do jornal O Libertário, informativo do PAEM.