segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ataque de skinheads nazistas na Jornada Anti-Fascista em São Paulo

extraído do portal anarcopunk.org

O último dia de atividades da Jornada Anti-Fascista 2011, organizada pelo Movimento Anarcopunk de São Paulo, foi marcado pelo ataque de um grupo de cerca de 10 skinheads nas imediações da Praça da Sé.
Pela manhã foi organizado um ato público contra o fascismo na Praça da República, e um dos skinheads agressores já havia feito uma saudação nazista para os manifestantes quando por ali passava.
Durante a tarde, no Espaço Ay Carmela, acontecia uma atividade com bandas e denúncias contra o fascismo e a intolerância quando nas proximidades ocorreu a agressão. 4 companheiros foram feridos com facadas no braço, barriga e cabeça; um deles sofreu perfuração no crânio e foi submetido a cirurgia. Cabe ressaltar também que um dos agredidos é deficiente físico.
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Foram detidos pela polícia 5 skinheads com punhais, soco inglês, machadinha, espingarda de chumbinho, e facas - uma delas com inscrições nazistas. Os 5 skinheads foram levados para o 1 DP, na Liberdade, e segundo a polícia dois deles já possuem antecedentes criminais.
Os skinheads Jorge Gabriel GonzalesMilton Gonçalves do Nascimento Júnior, ambos de 20 anos, Raphael Luiz Dierings, de 18 e Rogério Moreira, de 23 foram presos em flagrante. O menor, que tem 17 anos, foi encaminhado à Fundação Casa.
Há algumas semanas atrás skinheads nazistas também haviam pixado uma suástica em frente ao espaço Ay Carmela.
Fica mais uma vez evidente a necessidade urgente de um combate efetivo a ação violenta destes grupos skinheads. Este tipo de violência contra anti-fascistas, negros/as, nordestinos/as, imigrantes e outros/as é cada vez mais recorrente e não pode ser encarado como “briga entre gangues”, como muitas vezes a imprensa insiste em noticiar, e muito menos como casos isolados e sem relevância. Tem de ser combatidos com toda a força e amplamente discutidos e problematizados. Minimizar a gravidade deste tipo de ação fascista que ocorre há tempos em todo o mundo atingindo uma série de grupos é fechar os olhos para um problema que coloca em risco a liberdade de todos/as nós!
Todo apoio e solidariedade aos companheiros e força na luta anti-fascista!

AVANTE @S QUE LUTAM, NEM UM PASSO ATRÁS!

Novas informações serão postadas no site. anarcopunk.org

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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Libertário Janeiro/Fevereiro de 2011

Companheir@s
Já saiu a edição Janeiro/Fevereiro de 2011 de nosso jornal O Libertário,
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VIVA A ANARQUIA!!!!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Políticos de Dourados: Ninguém Merece!

(Criança protesta contra políticos em Dourados)

  Depois de cinco meses de peleia, a saga “Fora Artuzi e TODAS as Máfias!” chega ao fim de um importante capítulo. Artuzi caiu. Teve protestos, manifestações, repressão, jogatinas e acordões: caiu! Encontra-se atualmente no aconchego de sua casa, respondendo em liberdade a mais um processo. E no fim do furacão, que desembocou numa eleição arranjada, eis que se levanta algo assombroso, medonho tal qual a besta do apocalipse, a coligação eleita e que governará a cidade nos próximos anos: DEM e PT. O Sindicato Rural e “el BarónMurilo Zauith elevam-se ao palacete municipal escudados pelos seus outrora inimigos petistas.

Fora Artuzi e TODAS as Máfias: os últimos atos de uma epopéia

  Com as espertas maquinações dos setores ricos da cidade, governo do estado, ministério público e partidos políticos, conforme exposto na edição anterior de nosso jornal, o protagonismo dos debates havia sido tirado das movimentações populares e passado aos gabinetes de poderosos, contando com a ajuda dos mui-amigos pelegos sindicais do comitê de “defesa popular”, que ferrenhamente vinha defendendo a tese da conciliação entre a movimentação social e as estruturas de estado. Essa manobra do comitê de “defesa popular” já apontava que petistas e Sindicato Rural estavam de conchavo, mas por enquanto ninguém dizia nada abertamente.
  Artuzi, politicamente abandonado, vinha sendo pressionado na cadeia para renunciar, o que veio a fazer em troca da liberdade provisória, junto com o profeta Carlinhos Cantor, seu vice. Os dois assim escaparam do impeachment, mantendo possibilidades de se candidatarem novamente no próximo pleito. A imprensa burguesa muda, então, sua abordagem. Abandona a demonização dos corruptos que haviam sido presos – mas que já estão todos soltos – e passa a construir o mito da necessidade de um líder forte e unânime para “recolocar a cidade nos trilhos”.
  Enquanto isso nos bastidores do poder as quadrilhas engalfinhavam-se para saber quem ficaria com a maior cota de cargos. Dona Délia batia o pé que não se levantava mais da cadeira. Algumas raposas velhas ameaçavam esbravejar. As ruas pediam ao menos novas eleições. Com a pressão a “justiça” decide pelas novas eleições. E no meio dos burburinhos partidários de repente cai a bomba: PT será vice do DEM apoiados por mais 13 partidos (os outros maiores da cidade)!
  Apesar do choque causado em alguns setores envolvidos nas movimentações “Fora Artuzi e TODAS as Máfias!”, esta manobra já vinha sendo costurada há alguns meses, conforme atesta a atuação do comitê de “defesa popular”, que estava colocando sindicatos e organizações estudantis pra sentar-se à mesa e acordar com empresários e políticos do PT e DEM. Esta aliança vem alicerçada no envolvimento do PT nestes mesmos esquemas de corrupção que fizeram rolar a cabeça de Artuzi, conforme a recente condenação do deputado estadual eleito Laerte Tetila por improbidade administrativa em sua gestão na prefeitura. Com os principais partidos políticos emaranhados na roubalheira, nada mais natural que se unissem para manter os negócios funcionando e garantir seus gabinetes. Com a “união por Dourados” consolidada coube ao mega-latifundiário e dono da UNIGRAN Murilo Zauith, um dos líderes do obscuro Sindicato Rural, encabeçar a chapa e lançar-se ao trono. Contra ele partidos nanicos arranjados de última hora.
  Enquanto a pelegagem petista, envergonhada, se esconde, os setores combativos das movimentações chamam o boicote, o que resultou em mais de 50 mil pessoas(soma de nulos, brancos e abstenções) rejeitando a farsa eleitoral. Contudo a situação lastimável da cidade, com todos os serviços públicos sucateados, foi muito bem explorada pela imprensa burguesa e o mito do líder forte que irá salvar a cidade foi assim direcionado à Murilo, que acaba de ser eleito.

("el Barón" Murilo Zauith, prefeito de Dourados)

E Agora?

  A administração DEM/PT representará um agravamento da adequação da cidade como pólo do agronegócio sucro-alcooleiro. Com a prefeitura estando diretamente nas mãos do Sindicato Rural, personificado em Murilo, podemos esperar investimento pesado em asfalto e estradas de rolagem e outras obras de infra-estrutura que são necessidade urgente aos interesses dos setores ricos, e por outro lado a terceirização do máximo de setores possíveis em serviços básicos como saúde e educação. O alinhamento com o governo do estado deve expandir a linha dura da repressão contra os movimentos populares, especialmente os que lutam pela terra, em toda a região. Outra tensão deve-se dar no âmbito da “cidade-educadora”, já que Murilo é um barão do ensino superior privado e tende a privilegiar este setor, o que deve vir a se chocar com várias demandas de estrutura que os estudantes de universidades públicas da cidade vêm reivindicando.
  Ao PT caberá a “gestão da miséria”, gerenciando as bolsas e o “filantropismo estatal” e, especialmente, tentando atrelar as movimentações comunitárias, estudantis e populares à prefeitura. Esta conjuntura exigirá muita luta dos movimentos e setores combativos do povo de nossa cidade, já que membros deste partido, que no caso específico de Dourados, é aliado do Sindicato Rural, estão presentes e têm trânsito livre em diversos espaços de organização popular.
  No nosso entendimento algumas das principais tarefas que vêm à tona para a militância e pessoas dispostas a lutar em nossa cidade são:
  • Aprofundar os laços de relação e coordenação entre os setores combativos que estiveram engajados nas movimentações “Fora Artuzi e Todas as Máfias!”;
  • Levar as pautas levantadas como apontamentos de “para mais além que eleições” para todas as frentes possíveis, aproveitando, também, o gancho dado pela imprensa em suas matérias sobre o sucateamento da cidade;
  • Iniciar, já agora no pós-eleições, uma jornada de protestos e reivindicações embasadas nestas pautas do “para mais além que eleições”;
  • Travar uma batalha definitiva contra a influência sorrateira do comitê de “defesa popular”, este apêndice das classes dominantes em meio aos movimentos sociais, em cada sindicato, associação de moradores, centro acadêmico que, por triste ventura, ainda estiver ligado a esta sigla;
  • Ampliar a presença e o protagonismo dos movimentos sociais nas ruas;
    Acreditamos que esta seja uma plataforma mínima pra caminhada do próximo período e que várias outras contribuições a esta análise devem surgir em breve. Todas estas batalhas travadas nos últimos meses trouxeram amadurecimento pra organizações populares e pras pessoas no geral, fazendo com que mais gente na cidade criticasse e se juntasse com outras para protestarem e defenderem suas posições. Agora é seguir em frente, com todo este acúmulo como mais uma arma, porque o inimigo é o mesmo, só mudou o representante.

Só a luta popular decide, constrói e transforma!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Declaração Final das Jornadas Anarquistas - 2011



Durante os dias 25 e 26 de janeiro de 2011, na cidade de São Paulo, se realizaram as Jornadas Anarquistas, convocadas pela Federação Anarquista Uruguaia (FAU) e o Fórum do Anarquismo Organizado do Brasil (FAO).
A realização destas Jornadas tem por objetivo o desenvolvimento do anarquismo especifista na América Latina, visando o intercâmbio e a coordenação das organizações políticas anarquistas que se inserem nesta corrente. O debate se coloca sobre temas comuns a todas essas organizações, em relação aos quais se vem trabalhando e contribuindo a partir de cada lugar, a partir das lutas cotidianas, a partir das criações e recriações que surgem da análise de elementos que entendemos ser estratégicos para a construção do socialismo libertário em nosso continente: o Poder Popular e o Federalismo Libertário.
Isso é uma necessidade, porque acontece hoje, fruto de um processo histórico, um desenvolvimento importante de nossa corrente do anarquismo, assim como uma construção teórica e política concreta. Esta construção faz com que essas organizações de vários países busquem confluir em um âmbito de comunhão ao qual todas elas aderem.


O Poder Popular como elemento estratégico


“Nunca cessarão de existir as esperanças e os sonhos de emancipação dos povos; a experiência social cria novos conceitos de justiça e de liberdade que nada tem a ver com as construções perversas que são propagadas por um sistema que as confunde com rapinagem e opressão.” Desta forma, começa o debate sobre a construção de uma estratégia de ruptura e sobre o desenvolvimento das forças de intenção revolucionária.
Este debate tem toda relação com o tema do Poder Popular. Porque para nós, esse tema é amplo e traz contribuições significativas para todo o conjunto estratégico que vai desde as análises da realidade, os objetivos que pretendemos atingir e os caminhos estratégicos.
Por que falamos de poder? Para nós, o poder se dá para além do Estado. O poder circula por toda a sociedade e, por isso, há poder nas diferentes esferas da economia, da política e da cultura/ideologia. O poder existe em todas as relações sociais que envolvem um conflito e pode ou não se constituir em relações de dominação e exploração. 
A partir desta noção ampla de poder, podemos afirmar que não é possível tomar o poder de assalto, já que ele está capilarizado e corre por todas as veias da sociedade. Do nosso ponto de vista, não há determinação de uma esfera sobre a outra que possa ser prevista a priori e, portanto, não acreditamos na determinação econômica que é conhecido, no socialismo, como o esquema de infra e superestrutura.
O poder, portanto, envolve as relações de força e as disputas que estão presentes em toda a sociedade e que constituem as bases do que chamamos política. Neste sentido, a sociedade atual é o resultado de determinadas correlações de forças em que umas superam outras e as coisas vão se conformando. Hoje, o resultado deste sistema de forças implica poder, mas também dominação, exploração e opressão.
Para nós, as classes oprimidas devem criar um projeto de poder. Um projeto de poder que possa se opor e fazer frente às classes dominantes, e que também possa ser criado e construído por meio das lutas cotidianas.
Falar de “popular” significa dotar o projeto de poder de um caráter eminentemente classista, ainda que devamos destacar que falamos de poder a partir de uma perspectiva libertária. Um projeto dos oprimidos e oprimidas que se dá a partir dos movimentos populares e que faz um acúmulo de força social necessária para um longo enfrentamento, de passos firmes, fortes, bem marcados, algo que consideramos necessário do ponto de vista ideológico.
Para nós, o socialismo é uma ideologia e não uma ciência. O socialismo surgiu como expressão ideológica dos movimentos sociais populares em luta, e desde de seus primeiros momentos, contou com aspirações, desejos, indignação, rebeldia, paixões, amores e outros sentimentos que não podem ser comprovados cientificamente. Assim, o socialismo só pode constituir-se como este conjunto de elementos que apontam para a geração de uma prática política no sentido transformador, de intervenção sobre nossa realidade. E, portanto, ideologia implica teoria e prática.
Compreendemos a teoria como uma caixa de ferramentas que nos permite interpretar a realidade e os fatos. Entretanto, como afirmamos, sabemos que as contribuições teóricas devem ter rigor, devem buscar entender a vida e não encaixá-la em nossas certezas ideológicas. A teoria deve ser flexível e possibilitar elementos para nossa prática política. A prática, claramente, também enriquece essa teoria.

Classe e sujeito revolucionário


Nosso classismo se baseia nos diferentes sujeitos oprimidos, independente de onde estejam. Consideramos que um projeto de classe deve ser construído por todo o povo, e por povo compreendemos este conjunto de classes oprimidas que contém trabalhadores da cidade e do campo, assalariados e desempregados, e todos aqueles e aquelas que sofrem opressões de gênero, de raça, de etnia, de sexualidade, por este sistema de dominação que é o capitalismo.
Assim, o sujeito revolucionário não está dado a priori, nem é possível ser conhecido de antemão. Acreditamos que o sujeito revolucionário é resultado dos processos históricos e sociais, das lutas dos movimentos populares, e só pode ser forjado na luta e a partir do processo em que se vai criando a identidade de classe.
Nossa concepção de Poder Popular implica uma noção básica de que são os objetivos que conformam a estratégia, e que é a estratégia que condiciona a tática. Nosso objetivo finalista é o socialismo libertário e nossa prática é de intenção revolucionária. O projeto de Poder Popular deve, necessariamente, contribuir com a revolução para abolir a sociedade de classes.
Para promover o protagonismo nas bases dos movimentos, para criar um povo forte, é fundamental que tenhamos em mente um plano, um programa determinado a ser proposto e desenvolvido nestes movimentos. Nos parecem elementos centrais neste programa não circunscrever ou submeter os movimentos a qualquer ideologia. É importante sustentar que sejam os mais fortes e que se unam por meio da solidariedade da prática e das ações reivindicativas, ao mesmo tempo, garantindo a independência de classe para que não sejam subordinados aos partidos, ao Estado, às empresas e a outros inimigos de classe; ou mesmo aqueles que, apesar de demonstrarem certa afinidade na luta de classes, atuam como vanguarda dos processos de luta. Parece fundamental, também, que os mecanismos de democracia direta sejam responsáveis pelas decisões tomadas a partir das bases dos movimentos, incluindo todos e todas e criando ambientes coletivos e autogestionários. Os meios, portanto, devem estar de acordo com os fins que defendemos.
A história vem demonstrando que o capitalismo não caminha para sua própria destruição. Não podemos, assim, esperar que “se suicide”. Acreditamos que é apenas por meio da vontade e das práticas libertadoras que as classes oprimidas poderão oferecer uma possibilidade de resistência, de enfrentamento e de construção do socialismo. O capitalismo não traz o germe do socialismo e, ainda que ele deva começar a ser criado dentro da sociedade capitalista, ele só se realiza de fato por meio de um processo de ruptura revolucionária. Tal processo de construção deve se dar no seio das lutas sociais cotidianas, que acumulam força para nosso projeto de Poder Popular.
É uma questão de se construir os novos sujeitos históricos, de promover nosso projeto no seio das lutas e de criar um povo forte.
Trata-se, então, da reconstrução do tecido social, das relações sociais e também de uma outra cultura, que permitirá, junto com elementos econômicos e políticos, forjar novos sujeitos capazes de conhecer a si, aos outros e à realidade. Fundamentalmente capazes de construir e de fortalecer os movimentos populares, tomando suas decisões, compartilhando com os outros, capacitando-se, estimulando o fortalecimento de outras pessoas no todo da sociedade, com autonomia e não dependentes.


Federalismo Libertário


O federalismo tem sido uma forma organizativa, um modelo, um conceito que compreende a vida social e política do anarquismo ao longo da história. Ele se corresponde com a incorporação e com a adequação de suas forças para a resistência no embate com o capitalismo, com a conjunção daqueles que confluem em pensamento até a ideologia libertária e, também, como prática para poder projetar, imaginar e criar uma ofensiva contra o capitalismo que construa a sociedade que queremos: uma nova civilização.
É por isso que o federalismo não deve ser compreendido como um modelo legítimo por si só. Ele deve ser libertário e, neste sentido, a constituição ideológica que ele contiver será um elemento determinante no desenvolvimento de suas forças de transformação.
Esta constituição ideológica determina as práticas que serão geradas, alheias ao autoritarismo, ao vanguardismo e com uma dinâmica de discussões “de baixo para cima”, oposta ao centralismo e ao unitarismo. Desta forma, o “para cima” deve ser compreendido como uma construção, por meio da democracia direta, delegando-se a partir da base e, quando em sua presença, suas funções se encerram.
Não se trata de um abaixo submisso, não se trata de uma hierarquização numa relação verticalizada, mas de uma articulação dinâmica e funcional dos anarquistas a partir dos diversos espaços em que a organização política projeta sua ideologia. Estes espaços específicos se constroem e se constituem a partir das frentes de luta popular em núcleos ou grupos de base, organizados para melhores interpretações e abordagens da realidade vivida por cada espaço, em uma concepção organizativa de conjunto e a partir da organização política anarquista.
Este conjunto, esta integralidade, deve ser vasta e diversa, segundo se desenvolva a luta nos diferentes espaços de inserção. É necessário reconhecer, na globalidade, que não há “uma só luta” transcendental, acima das outras, que apague e diminua a importância das demais. Estas lutas devem ser compartilhadas no interior da organização.
Comunicar e ensinar as práticas políticas de diversas frentes de luta que provenham de outro meio específico de militância. Enriquecer, por meio destas práticas, a análise política da realidade, a elaboração teórica, a solidariedade de classe, tão necessária e demandada nestes tempos.
O federalismo libertário deve potencializar a ação específica e enquanto conjunto da organização. A isto chamamos federalismo dinâmico, o qual serve aos propósitos estabelecidos. É aquele que, no marco de uma linha estratégica geral, de ruptura revolucionária, alimenta o avanço da resistência ao capitalismo, bem como a projeção de um mundo novo. 
Em função do que foi dito, este modelo, esta forma organizativa, deve integrar-se num organograma que tem origem na base, com respeito às posições minoritárias, mas construindo uma forma de corpo, com acordos integrados que delineiem a ação da organização no espaço e no tempo, com categorias e pautas de convivência necessárias, as quais não geram um assembleísmo inoperante e que possuem dinâmicas e ritmos que combatem práticas autoritárias.
Sobreviver ilhados, trabalhando cada um por nossa própria conta, sem entender-se com outros, sem capacitar-se e preparar-se, sem constituir um punho forte para golpear “significa condenar-se à impotência, desperdiçar a própria energia em pequenos atos sem eficácia e rapidamente perder a fé no objetivo e cair na completa inação”.
Assim se concretiza e se fortalece a unidade dos anarquistas, o encontro para praticar uma nova humanidade, para programar e delinear a estratégia com a qual desconstruiremos este mundo. Pilares e princípios como a igualdade, a democracia direta, a autonomia, a independência de classe, a autogestão, são elementos constituintes essenciais para os libertários do mundo. Eles devem ser, consequentemente, fundamentais na organização política.
Trata-se, portanto, de criar, de conceber e de praticar um tipo de organização que compreendemos ser federalista, com práticas, acordos e estilos diferentes daqueles do capitalismo. A partir da organização política até o meio popular ir, assim, aprofundando um pouco mais a idéia de construir uma organização não só para as necessidades táticas do presente. Esta organização não pode ser circunstancial, uma necessidade momentânea, mas deve ser a rocha na qual entalharemos nossas paixões e desejos, nossa utopia e nossa liberdade.
Imaginar, sonhar, amar um mundo novo. Ver nos companheiros e companheiras de luta, no povo, a necessidade urgente de transformação por razão de tanta injustiça, exploração, opressão, levada a cabo em um sistema asqueroso que devora e cospe, em seu turbilhão cotidiano, tantos irmãos e irmãs, tanta gente, tanto povo.


Pela construção do Socialismo Libertário, num processo firme e sólido.

Por todos nossos desejos, pela memória de nossos irmãos e irmãs que padeceram pelo pior desta asquerosidade chamada capitalismo.
Para construir a utopia praticando a liberdade!!!
Pela construção de um povo forte!!!
Arriba las que luchan!!!
Arriba los que luchan!!!


Assinam a declaração:


Coletivo Anarquista Luta de Classes (Brasil)
Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares (Brasil)
Columna Libertaria Errico Malatesta (Argentina)
Columna Libertaria Joaquin Penina (Argentina)

Federação Anarquista de São Paulo (Brasil)


Federação Anarquista do Rio de Janeiro (Brasil)


Federação Anarquista Gaúcha (Brasil)


Federação Anarquista Uruguaia (Uruguai)


Federação Comunista Libertaria (Chile)


Fórum do Anarquismo Organizado (FAO, Brasil)


Núcleo Pró-Especifista de Recife (Brasil)


Organização Resistência Libertária (Brasil)


Para Além do Estado e do Mercado (Brasil)


Rusga Libertária (Brasil)

Coletivo Espiral (Costa Rica - observador)