domingo, 13 de março de 2011

Jornal sergipano publica adaptação de artigo do PAEM

  O periódico O Capital - Jornal de Resistência ao Ordinário, da cidade de Aracaju-SE, publicou, em sua edição nº 199, uma adaptação do artigo Ecologismo-Burguês: A Nova Moda, produzido pelo PAEM e originalmente publicado na edição janeiro/fevereiro de 2010 de O Libertário. Clique na imagem abaixo para ampliá-la e conferir a adaptação. Para ler o artigo original visite o link: 


terça-feira, 1 de março de 2011

Sobre a luta dos Anarquistas

  
  Escrito por Piotr Kropotkin, publicado originalmente em Les Temps Nouveaux em 1913, extraído da obra O Princípio Anarquista e outros ensaios, lançada pela Editora Hedra em 2007. O título é nosso

  Este lado positivo e reconstrutor da anarquia não cessou de desenvolver-se. E, hoje, a anarquia tem de carregar sobre seus ombros um fardo bem maior do que aquele de seus começos.
  Já não é uma simples luta contra camaradas de oficina que se arrogaram uma autoridade qualquer num agrupamento operário. Não é mais uma simples luta contra chefes de outrora, nem mesmo uma simples luta contra um patrão, um juiz ou um policial.
  É tudo isso, sem dúvida, pois sem a luta de todos os dias, para que chamar-se revolucionário? A idéia e a ação são inseparáveis, se a idéia tem ascendência sobre o indivíduo; e, sem ação, a própria idéia atrofia-se.
  É ainda bem mais do que isso. É a luta entre dois grandes princípios que, em todos os tempos, encontraram-se em oposição na sociedade: o princípio de liberdade e aquele de coerção. Dois princípios que, neste momento, inclusive, vão de novo engajar uma luta suprema, para chegar novamente a um novo triunfo do princípio libertário.
  Observai à vossa volta. O que restou de todos os partidos que outrora se anunciaram com partidos eminentemente revolucionários? – Só dois partidos estão em oposição: o partido da coerção e o partido da liberdade; os anarquistas, e, contra eles, todos os outros partidos, qualquer que seja sua etiqueta.
  É que, contra todos esses partidos, os anarquistas são os únicos a defender por inteiro o princípio de liberdade. Todos os outros gabam-se de tornar a humanidade feliz mudando ou suavizando a forma do açoite. Se eles gritam “abaixo a corda de cânhamo da forca”, é para substituí-la pelo cordão de seda, aplicado no dorso. Sem açoite, sem coerção, de um modo ou de outro, sem o açoite do salário ou da fome, sem aquele do juiz ou do policial, sem aquele da punição sob uma forma ou outra, eles não podem conceber a sociedade. Só nós ousamos afirmar que punição, polícia, juiz, salário e fome nunca foram, e jamais serão, um elemento de progresso; e se há progresso sob um regime que reconhece esses instrumentos de coerção, esse progresso é conquistado contra esses instrumentos, e não por eles.
  Eis a luta em que nos engajamos. E qual jovem coração honesto não baterá com a idéia de que ele também pode vir tomar parte nessa luta, e reivindicar contra todas as minorias de opressores a mais bela parte do homem (e da mulher), aquela que fez todos os progressos que nos cercam e que, malgrado isso, por isso mesmo, foi sempre pisoteada!
  Mas não é tudo!
  Desde que a divisão entre o partido da liberdade e o partido da coerção tornou-se cada vez mais pronunciada, este último agarra-se cada vez mais nas formas moribundas do passado.
  Sabe que tem diante de si um princípio poderoso, capaz de dar uma força irresistível à revolução, se um dia for bem compreendido pelas massas. E ele trabalha para apoderar-se de cada uma das correntes que formam juntas a grande corrente revolucionária.  Põe a mão sobre o pensamento comunalista que se anuncia na França e na Inglaterra. Busca apoderar-se da revolta operária contra o patronato que se produz no mundo inteiro.
  E, em vez de encontrar auxiliares nos socialistas menos avançados que nós, encontramos neles, nessas duas direções, um adversário astuto, apoiando-se sobre toda a força dos preconceitos adquiridos, que faz desviar o socialismo para vias oblíquas e que acabará por apagar até o sentido socialista do movimento operário, se os trabalhadores não perceberem a tempo e abandonarem seus atuais formadores de opinião.
  O anarquista vê-se, assim, forçado a trabalhar sem descanso e sem perda te tempo em todas essas direções.
  Deve fazer sobressair a parte grande, filosófica, do princípio da anarquia.  Deve aplicá-la à ciência, pois, por isso, ele ajudará a remodelar as idéias: ele combaterá as mentiras da história, da economia social, da filosofia, e ajudará aqueles que já o fazem, amiúde inconscientemente, por amor à verdade científica, a impor a marca anarquista ao pensamento do século.
  Deve apoiar a agitação de todos os dias contra opressores e preconceitos, manter o espírito de revolta em toda a parte onde o homem (e a mulher) sente-se oprimido e possui a coragem de revoltar-se.
  Deve fazer fracassar as espertas maquinações de todos os partidos, outrora aliados, mas hoje hostis, que trabalham para desviar para vias autoritárias, os movimentos nascidos como revolta contra a opressão do capital e do Estado.
  E, enfim, em todas essas direções, ele deve encontrar, adivinhar pela própria prática da vida, as novas formas que os grupamentos, sejam de ofício, sejam territoriais e locais, poderão assumir numa sociedade livre, liberta da autoridade dos governos e dos esfomeadores.
  A grandeza da tarefa a ser realizada não é a melhor inspiração para o homem (e para a mulher) que sente a força de lutar? Não é, também, o melhor meio para apreciar cada fato separado que se produz na corrente da grande luta que devemos sustentar?