sexta-feira, 30 de julho de 2010

Nota Pública de Resposta do Movimento Poder Popular ao comitê de "defesa popular"


O Movimento Poder Popular/MPP está divulgando uma nota de resposta à tentativa de cooptação das organizações populares da cidade pela candidatura Zeca do pt e seu comitê de "defesa popular". Leia o documento do MPP abaixo:




Nota Pública de Resposta


Está circulando uma tal "Carta aos Movimentos Sociais" em nossa cidade, onde o tal comitê de "defesa popular", vêm à público declarar que os movimentos populares da região firmaram compromisso de apoiar a candidatura de Zeca do pt ao governo do MS, fato calunioso que fazemos questão de esclarecer perante as pessoas que participam e acreditam na proposta de nosso movimento.

Nós, o MovimentPoder Popular, não apoiamos esta sujeira, e acreditamos que o comitê de "defesa popular" deveria citar publicamente os nomes das organizações que declararam seu apoio à esta nefasta cooptação das lutas populares que eles querem fazer. Nós, o MovimentPoder Popular não apoiamos nenhum candidato ou partido eleitoral em suas artimanhas pra ocupar os postos de direção da máquina estatal. Não contem com nosso voto, nem com nosso apoio.

Nós repudiamos esta estratégia rasteira que o comitê de "defesa popular" tem adotado ao não citar as organizações que apóiam esta iniciativa que nos causa, mais que asco e desprezo, profunda vontade de lutar contra esta prática oportunista.

Nós, o MovimentPoder Popular, convocamos nossos militantes, amigos, amigas, companheiros e companheiras pra permanecermos firmes e inquebrantáveis na convicção de que só a luta popular autônoma, através da ação direta, podem permitirmo-nos construir todo um novo mundo. com o qual sonhamos e pelo qual não poupamos sacríficio. Convidamos também outras organizações e grupamentos de nossa gente pra unirem-se nesta outra campanha, não por votos ou pra eleger esse ou aquele político, mas sim uma campanha de fortalecimento dos movimentos sociais de nossa gente, visando à construção do Poder Popular.

NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS URNAS!
OU SE VOTA COM OS DE CIMA, OU SE LUTA COM OS DE BAIXO!
SÓ A LUTA CONSTRÓI!

MOVIMENTPODER POPULAR/MPP
poderpopular@bol.com.br

quinta-feira, 22 de julho de 2010

jornal O Libertário julho/agosto de 2010

Companheir@s
Já saiu a edição Julho/Agosto 2010 de nosso jornal O Libertário,
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http://www.armazenaweb.com.br/PENXXYIAT4HP/OLibertarioJulAgo010.pdf.html

Distribua a versão impressa de O Libertário e contribua com o fortalecimento do Anarquismo em nossa região.



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Informando também o endereço postal para envio do pacote.
VIVA A ANARQUIA!!!!

domingo, 11 de julho de 2010

Ecologismo-burguês: a nova moda

  As dolorosas e graves conseqüências da intervenção humana na Terra estão atingindo patamares impressionantes. Um cenário catastrófico paira no ambiente. O que já está ruim irá piorar. Essa é a única unanimidade sobre o caso. Inevitavelmente surge um debate na sociedade a respeito das mudanças climáticas e muitos passam a especular quais atitudes deveriam ser adotadas para "frear" o esgotamento dos recursos naturais e os impactos ambientais causados pela "humanidade". Como sempre as classes dominantes e seu bando de “abutres” (oportunistas, exploradores, pelegos, políticos, investidores, grandes proprietários, empresariado, associados das grandes indústrias multinacionais, banqueiros, ricos, latifundiários, ONG´s, especuladores...) tomaram a dianteira e a rédea do debate e dos fatos. A burguesia e as classes dominantes de maneira maliciosa e sorrateira controlam plenamente o debate, por temor que as classes exploradas e mais afetadas com as mudanças climáticas adotem atitudes por conta própria no sentido de romper com o doloroso processo de devastação e poluição. Por receio de seus privilégios e fortunas serem afetadas, os ricos e seus representantes, passam a organizar inúmeros congressos, matérias em revistas, discursos nos palanques, reuniões de gabinete para acharem as medidas mais amenas possíveis, aquelas bem paliativas, que não colidam com seus interesses, e que sejam o norte das decisões políticas e do debate a respeito das mudanças climáticas.


  Hoje há inúmeros estudos e pesquisas científicas que são contundentes e alarmantes a respeito das mudanças climáticas e dos regimes de chuva. A poluição ambiental, o desflorestamento, o uso irresponsável dos recursos naturais, a agressão continua à fauna e flora está acarretando diversas conseqüências ruins para o planeta. Dessa forma ficou impossível para a burguesia e os demais responsáveis pela devastação ambiental esconderem da sociedade o fruto podre que o sistema gerou. Não nos resta duvidas a respeito de que o capitalismo é o maior causador, patrocinador e incentivador da poluição, da devastação, do uso do solo de maneira irresponsável, da extração da madeira, da invasão das terras indígenas, da extração mineral, das emissões de CO2 na atmosfera, da produção industrial em larga escala com uso indiscriminado de produtos químicos, da manutenção dos latifúndios... Sendo assim a raiz dos problemas.

  O uso de venenos, agrotóxicos, sementes geneticamente modificadas nas extensas lavouras estão afetando drasticamente os rios aos arredores acarretando, assim, um forte declínio na produtividade do solo e comprometendo os biomas locais. Inúmeras árvores da floresta amazônica são cortadas cotidianamente e enviadas ao exterior, para atender a “demanda” por madeira de lei dos ricos e burgueses da Europa e dos EUA. As indústrias não param de emitir grandes quantidades de poluentes na atmosfera, mesmo havendo inovadoras tecnologias limpas. O latifúndio preserva a situação deplorável no campo, onde milhares de camponeses não tem terra para plantar e padecem à beira das estradas lutando para sobreviver. Os poucos trabalhadores são confinados a longas jornadas e baixos salários. A monocultura extensa traz consigo a pobreza, pois os gêneros são produzidos em larga escala e exportados, o salário pago aos trabalhadores do campo (vide os bóias-fria) é insuficiente para sobreviver dignamente. A concentração de terra nas mãos de poucos abastados impede que haja a plantação de pequenas lavouras de alimentos variados destinados a atender as necessidades básicas das pessoas locais. Assim sendo essas pessoas se tornam reféns das redes de supermercado e dependentes de produtos de origem duvidosa.

  O que queremos ressaltar aqui é que as classes dominantes edificaram uma enorme fortuna com a devastação ambiental, com a estrutura fundiária atual, com o desflorestamento, com a invasão das terras indígenas, com as grandes indústrias e com todas as outras formas agressivas ao eco-sistema de se gerar lucro. Relegando para os trabalhadores a miséria, a pobreza extrema, a fome, o trabalho semi-escravo e os reflexos da destruição de nosso planeta.

  A burguesia está ciente agora que a fonte de lucro da devastação está esgotando-se. Os recursos (alguns) estão ficando cada vez mais escassos. Então ela e seus representantes começam a articular novas formas de saquear o povo e a Terra sob um belo discurso ambientalista. Virou moda nos círculos burgueses a palavra ecologia, ambientalismo, respeito ao meio ambiente... Um cinismo maldoso que denunciamos abertamente. Governantes, multinacionais, o grande capital e as infinitas aves de rapina capitalistas se apoderaram do pouco que ainda resta de precioso na natureza. Sempre visando à lógica do lucro e esconder os verdadeiros causadores da devastação. Reservas ambientais, lugares intocados, rios sem poluição, só podem ser visitados sob a custódia de alguma empresa de turismo. Os valores dos pacotes de eco-turismo são elevados. Os pobres novamente são impedidos de ter acesso a tais paraísos, somente podendo ver o que resta da vida selvagem e das florestas na televisão. Surge então diversas ONG`s ambientalistas. E o “ambientalismo” é então estritamente modelado segundo os interesses das classes dominantes. “Aparecem áreas de conservação ambiental protegida”, Parques Nacionais, e inúmeras outras medidas paliativas que são usadas como camuflagem para os maiores devastadores adentrar em determinados locais, prestando serviço ao capital. Também usadas para lavagem de dinheiro, para lavagem cerebral do nosso povo, inúmeras dessas ONG´s estão atoladas na corrupção, seus padrinhos e financiadores são os próprios madeireiros e donos de empresas de mineração. Os discursos destas carregam um forte teor de reformismo e conformismo.

  Unidos pela ânsia de lucro, setores políticos, midiáticos e econômicos promovem a lavagem cerebral na população impedindo a verdadeira tomada de consciência tão necessária para a ruptura com a lógica destrutiva capitalista. Impedindo qualquer possibilidade de construirmos outros caminhos para se viver bem na Terra. Diversos ativistas (verdadeiramente ativos e que lutam contra as verdadeiras causas do desflorestamento e poluição) sofrem duras represálias. Muitos deles sendo brutalmente mortos a mando dos ricos fazendeiros, ligados à extração da madeira e a mineração. Prevalecendo na sociedade o “ecologismo-burguês”, assistencialista, light, de lavagem de dinheiro, de discurso de campanha eleitoral, o ecologismo conservador atrelado aos interesses da burguesia. Muitos desavisados caem no conto do vigário e passam a apoiar e promover o “paleativismo” ambiental, as mais radicais se tornam ativistas nas ONG`s dos ricos, como o Greenpeace, prestando serviços aos inimigos sem saberem ao certo.

  Nós anarquistas fazemos uma critica radical da desastrosa interferência capitalista no meio ambiente. Acreditamos que as conseqüências sociais decorrentes desse processo são tão devastadoras quanto às físicas e naturais. Trabalhadores vivendo miseravelmente no campo e nas cidades, sob condições deploráveis no que se refere à falta de água tratada, rede de esgoto, saneamento básico, coleta de lixo. Diversas comunidades ribeirinhas estão sendo afetadas pelas barragens, outras sofrem cruelmente a mudança dos regimes de chuvas e climáticas. Rios inteiros poluídos e matas derrubadas. Um cenário triste, porém real.

  No nosso entendimento acreditamos que só será possível reverter esse triste quadro com a ruptura plena com o capitalismo e o modelo econômico em que vivemos. Essas são as causas de todas as mazelas. Assim sendo é indispensável vencermos essa causa para uma triunfante vitoria. Lutar apenas contra os galhos dos problemas ambientais, como quer desesperadamente os burgueses e governantes, é servir às políticas reformistas dos mais diretos responsáveis pela devastação na Terra. Pensamos que devemos concentrar nossa ação na causa e não nos sintomas.

  Concordamos que as pessoas dispostas a mudar radicalmente para melhor a inter-relação com o meio ambiente e os recursos naturais podem adotar pequenas atitudes no sentido de reverter o processo. Tais como:

Incentivar a expropriação e coletivização da todos os latifúndios, terras improdutivas, fabricas... pelos trabalhadores.

Praticar e incentivar a agricultura orgânica, que é uma técnica avançada de plantio sem o uso de fertilizantes químicos ou agrotóxicos (tão nocivos ao meio ambiente). Os alimentos orgânicos são de alta qualidade e muito melhor para a saúde da população. O Uso do plantio orgânico é muito melhor para o solo e o meio ambiente.

Boicote econômico de produtos de empresas agressoras, que produzem alimentos geneticamente modificados.

Pratica de sabotagem contra as mineradoras e madeireiras.

Criar mecanismos de luta e resistência contra o capitalismo. Como: coletivos, informativos, praticas de ação direta, protestos, sabotagem...

Adubar o terreno para a implantação de um novo modo de se viver pautado na livre organização, na autogestão política e econômica, no federalismo, na solidariedade, na igualdade e na liberdade de todos.

  Acreditamos também que é preciso e muito importante mudar a postura e hábitos em relação à questão ambiental no nosso dia-a-dia. Podemos adotar atitudes fundamentais para se viver numa sociedade futura que se paute em outros princípios na forma de se interagir com a Terra como: reciclar o lixo, não desmatar, fazer mutirões de coleta de dejetos e detritos que estão espalhados por todos os lados, educar o próximo a respeito do meio ambiente... Assim estaremos aptos e preparados para o que virá.

  Nossa conclusão é que devemos estar atentos para não servirmos de cobaias de governantes e ricos e cairmos na conversa mole do “ecologismo- burguês”. Precisamos ter sempre em mente que é fundamental romper com o capitalismo para mudar o curso das conseqüências das mudanças climáticas e ambientais. Pois sem ter isso em mente nunca iremos atingir a raiz dos problemas e a cura desse mal, padeceremos na eterna luta para amenizar os sintomas. Porém é nossa tarefa adubar o solo para a Revolução Social e o Socialismo Libertário, que acreditamos ser a única maneira de reverter esse processo. Acreditamos que devemos adotar pequenas atitudes desde já, que no nosso entendimento são fundamentais no sentido de vivermos bem entre nós e a Terra.

Abaixo ao ecologismo-burguês!





* publicado na edição Janeiro/Fevereiro de 2010 do jornal O Libertário, informativo do PAEM.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A visão libertária de Movimentos Sociais


Escrito pela Federação Anarquista do Rio de Janeiro/FARJ, como parte de seu programa aprovado em seu I Congresso realizado em 30-31 de agosto de 2008, extraído da obra Anarquismo Social e Organização, lançada por FARJ e Faísca Publicações em 2009. O título é nosso.

Os movimentos sociais são fruto de um tripé composto pela necessidade, vontade e organização. Este tripé motiva a criação de diversos movimentos sociais por todo o mundo; e no Brasil, isso não é diferente. Há aqui movimentos de sem-terra, sem-teto, desempregados, comunitários, pela qualidade e melhor preço dos transportes. Há movimentos de catadores de lixo reciclável, indígenas, estudantis, de direitos humanos, sindicais, feministas, negros, gays, de conselhos populares, artísticos, culturais, ambientalistas, entre tantos outros. Estes movimentos têm em comum o fato de surgirem a partir da dominação e da exploração da sociedade em que vivemos, sendo, muitos deles, fruto da luta de classes.
No entanto, não são muitos os movimentos sociais que buscam construir a organização popular ou mesmo combater o capitalismo e o Estado. Muitos deles estão imbuídos de características e valores da sociedade capitalista e, mais do que isso, muitas vezes estão propagando estas características e estes valores. A maior parte desses movimentos, que poderíamos chamar reformistas, acredita que há solução para suas questões dentro do capitalismo. Ou seja, o fim de grande parte destes movimentos é a obtenção dos ganhos de curto prazo, dentro do capitalismo, e nada mais. Além disso, na maioria dos casos, os movimentos sociais não estão devidamente articulados entre si e realizam cada um a sua luta, sem articulação entre elas. Portanto, não apontam nem para um início de construção da organização popular. Isso mostra que, apesar de haver uma série de movimentos sociais, o fato é que as características e formas de atuação destes movimentos não estão, na sua grande maioria, em acordo com aquilo que pensamos ser apropriado. Os meios que vêm escolhendo não conduzem aos fins defendidos por nós.
Os movimentos sociais que defendemos, e que pensamos estarem contribuindo com nosso projeto político, possuem certas características e formas de atuação.
Eles são os mais fortes possível, com o maior número de pessoas e boa organização, estando voltados para a luta que elegeram como prioritária. Então, um movimento de sem-terra deve abarcar todos aqueles que estão dispostos a lutar pela terra, um movimento se sem-teto deve abarcar todos que estão dispostos a lutar pela moradia e assim por diante. Assim, acreditamos que os movimentos sociais não devem caber e encerrar-se dentro de uma ideologia, seja ela qual for. Não acreditamos em movimentos sociais anarquistas, marxistas, social-democratas ou de qualquer outra ideologia específica. Portanto, nos movimentos sociais que nos dispomos a criar ou a desenvolver devem “caber” pessoas das mais diferentes ideologias. Para nós, um movimento social anarquista, ou de qualquer outra ideologia, só tenderia cindir a classe dos explorados, ou mesmo aqueles que estão interessados em lutar por uma determinada causa. Ou seja, é a necessidade, e não a ideologia, a força que deve impulsionar a criação e o desenvolvimento dos movimentos sociais. Assim “nenhuma teoria filosófica ou política deve entrar, como fundamento essencial, e como condição oficial obrigatória no programa [...]. Mas isso não implica que não possam e não devam ser livremente discutidas [...] todas as questões políticas e filosóficas”.
Apesar de acreditarmos que os movimentos sociais não devem caber dentro do anarquismo, pensamos que o anarquismo deve ser, o máximo possível, difundido dentro dos movimentos sociais. (...) os movimentos sociais que defendemos não são e nem devem ser anarquistas, mas sim, terreno fértil ao anarquismo.

* publicado na edição Março/Abril de 2010 do jornal O Libertário, informativo do PAEM.